Você também está cansado de encontrar mortos-vivos humanos em todo lugar. E aí, Mestre, que tal deixar as coisas mais interessantes? Segue o artigo:
Quando o mestre descreve zumbis, esqueletos ou qualquer outro morto-vivo atacando o grupo, quantas vezes ele menciona a raça que a criatura tinha quando era viva?
Quantas vezes você sequer pensa em perguntar?
Como jogador, quando ouço a palavra “esqueleto”, sempre imagino um esqueleto humano. Eu nunca pergunto se originalmente teria sido alguma outra raça.
O mesmo ocorre com zumbis, múmias, ghouls. Eu sempre pensei que aquilo teria sido um humano que agora era um morto-vivo. Mesmo na descrição do Livro dos Monstros e no compêndio online esses monstros são classificados apenas como morto-vivo médio. Em um cenário de fantasia, entretanto, não há razão para supor que todos os mortos-vivos que você encontra tenham sido humanos. Com tantas outras raças pelo mundo por que algumas criaturas mortas-vivas não poderiam ter sido de uma outra raça que não de humanos?
Isso pode parecer um detalhe bem pequeno, mas que pode mudar bastante o desenrolar de um encontro. Sem falar que isso pode mudar drasticamente o clima do encontro! Imagine, como um exército de esqueletos poderia ser muito mais terrível se eles um dia tivessem sido Minotauros? Ou que tal uma horda de zumbis repleta de cadáveres animados de Draconatos? Ou ainda, múmias de Halflings? E ghouls que um dia foram duendes?
O mestre só precisa de uns minutinhos para identificar a raça que a criatura era antes de se tornar um morto-vivo, e no entanto, isso pode alterar drasticamente a forma como os jogadores percebem o encontro. Ao invés de correr de qualquer forma ao encontra de um grupo de esqueletos “normais”, eles poderiam repensar sua tática depois de saberem que aqueles mortos-vivos são especiais.
Acrescentando esse detalhe da raça dos mortos-vivos é um bom começo, mas por que se limitar em mudanças de aparência? Que tal levar as coisas adiante? E se os Draconato zumbis ainda conseguirem usar seu Sopro de Dragão? E se esqueletos elfos ainda souberem usar a Precisão Élfica? E se um fantasma gnomo puder desaparecer? E um vampiro Goliath com Pele Rochosa?
Quando os PJs enfrentam monstros vivos que são versões normais das raças jogáveis, os inimigos podem usar suas habilidades raciais contra os PJs. Um oponente Drow pode usar sua nuvem de escuridão, um Eladrin pode usar seu Passo Feérico e os Halflings ainda tem a sua Segunda Chance. Então a questão é se as versões morto-vivas dessas criaturas vão manter esses poderes ou não.
Isso é algo que cada mestre deverá decidir por si, mas eu acho que isso é uma ótima ideia. Trocar os comuns esqueletos humanos por esqueletos Meio-Orc fará com que causem dano adicional com o Assalto Furioso. Quando os PJs encontrarem um Draconato zumbi usando contra eles o Sopro do Dragão, vão perceber imediatamente que ele não é um morto-vivo comum. É claro que algumas raças têm poderes que são potencialmente mais letais do que outros. Uma múmia Eladrin que se teleporta não parece tão perigoso quanto uma múmia Elfo que pode rolar duas vezes para acertar com Pancada Pútrida.
Eu ficaria feliz em encarar um esqueleto Drow que use Nuvem de Escuridão, ao invés de ter que lutar contra um esqueleto Draconato que ataque com Sopro de Dragão.
Se o Mestre decidir que os mortos-vivos irão manter os poderes raciais que tinham em vida, eles precisam pensar nisso ao avaliar o nível de poder do monstro. Eu não acho que sempre que o mestre ceder um poder racial ao monstro fará com que ele seja elevado em um ou mais níveis, mas em alguns casos isso acontece.
Mesmo que D&D seja um jogo de fantasia, ainda deve haver algum realismo quando se trata de mortos-vivos. Alguns poderes raciais simplesmente não funcionam bem com alguns tipos de mortos-vivos. Por exemplo, eu não acho que um esqueleto Draconato poderia produzir Sopro de Dragão, nem acho que um zumbi Halfling lento e pesado deve ser capaz de ter sua Segunda Chance, que é essencialmente um poder de esquiva. Isso não quer dizer que você nunca poderá ter estas combinações de raças e mortos-vivos, mas acho que o Mestre deve pensar em como e porque isso seria possível, antes de simplesmente dizer que funciona.
Um mestre criativo poderia argumentar que o Sopro de Dragão de todo mortos-vivo seja necrótico, independentemente do que ele tenha sido quando a criatura estava viva. A energia necrótica poderia formar sua essência de morto-vivo e, portanto, permitir que mesmo um esqueleto Draconato tenha algum tipo de Sopro de Dragão.
A intenção de dar poderes raciais aos mortos-vivos não é dizimar um grupo de aventureiros (embora eu tenha certeza de que isso seja uma possibilidade), mas que sirva para lembrar que nos mundos de D&D nem todos os mortos-vivos foram humanos em vida. Para que o mestre tenha a opção de adicionar poderes raciais em monstros mortos-vivos, ele primeiro precisa decidir a raça que o monstro tinha em vida. Com esse detalhe aparentemente pequeno, pode-se transformar um encontro mecânico e chato em algo bem mais interessante. Tenho certeza de que a primeira vez que os jogadores encontrarem mortos-vivos usando poderes raciais eles vão sentir a diferença, e o encontro será lembrado durante um bom tempo.
Quantas vezes as raças originais dos mortos-vivos são descritas nas suas aventuras? Alguma vez você já jogou em uma aventura onde um morto-vivo que não era originalmente humano tenha usado seus poderes raciais contra os PJs? Você acha que dar aos mortos-vivos suas habilidades raciais os torna muito poderosos, mesmo que o Mestre tente nivelá-los para compensar essa diferença? Qual a probabilidade de você tentar fazer isso se ainda não fez antes?”
Um Abraço e Muito XP a todos!
Artigo original: http://dungeonsmaster.com/
Salve, salve Leandro Pugliesi.
Eu já mestrei aventuras onde os personagens tinham que se deparar com mortos-vivos de outras raças, especialmente esqueletos e zumbis anões em minas, etc.
Lembro também daqueles mortos vivos mais poderosos apresentados em Ravenloft, como os vampiros elfos, anões, halflings, gnomos, e até kenders.
A ideia de permitir que ele utilize alguma habilidade racial é outro ponto muito legal, mas que eu usaria apenas em alguns indivíduos "especiais" em um encontro, não para deixar equilibrado (as favas com isso), mas porque, sou da linha de que muita coisa se perde quando uma criatura é transformada em um morto-vivo vivo menor.