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Foto do escritorThiago Rosa

Mutant: Prep Zero

Na vida moderna, existe um componente raro que determina o sucesso ou insucesso de qualquer empreitada. Talvez você tenha pensado em dinheiro, mas estamos falando de uma coisa que pode ser convertida em outras coisas, incluindo em alguns trocados. Estamos falando de tempo.


Para um jogador de RPG, a única quantidade de tempo necessária para participar do jogo é o da duração da sessão de jogo. Alguns leem o livro básico. Outros participam de grupos de discussão e leem literatura de suporte. Mas só o que é necessário para o jogador é isso — algumas poucas horas semanais (ou mensais, ou quinzenais).


Para o mestre (ou narrador, ou juiz, ou vigia…) de jogo, não é bem assim que a banda toca. Além de precisar ter um bom entendimento do sistema de jogo, o mestre precisa se preparar para a sessão. Isso pode incluir criar personagens não-jogadores, desenhar mapas, escrever falas com antecedência, criar tabelas no Roll20, fazer seleções de trilha sonora, escrever regras caseiras e uma infinidade de outras tarefas. Ser mestre, portanto, consome grandes quantidades do seu tempo.


E se eu te contasse que tem um jogo, disponível em português, que é feito especialmente para que o mestre não precise gastar mais tempo de preparação do que os jogadores? Venha comigo e seja bem-vindo ao Ano Zero.



Menos X-Men, mais morlock


Mutant: Ano Zero é um jogo de sobrevivência pós-apocalíptico. Situado num futuro distante, ele parte do princípio de que a humanidade se destruiu numa guerra nuclear. Existem humanos sobreviventes, escondidos embaixo da terra ou no espaço. Não são eles os personagens jogadores.


Os jogadores assumem o papel de mutantes. Antes que você comece a pensar em Wolverine, Ciclope e Tempestade, saiba que esses mutantes não têm os poderes visualmente impressionantes e a aparência de astros de cinema que o Professor X curiosamente escolheu para servir de rosto da causa mutante. Esses mutantes são instáveis, com mutações muitas vezes asquerosas. São incontroláveis, com pouca ou nenhuma educação, vivem pela lei do mais forte. Eles são mais parecidos com os morlocks.


Morlocks, mutantes párias do universo Marvel


Quase um hexcrawl


Em certos aspectos, Mutant: Ano Zero se assemelha com um hexcrawl. Esse estilo de jogo apresenta aos jogadores um mapa dividido em hexágonos que apresenta o mundo. Os jogadores exploram o mapa hexágono a hexágono, encontrando perigos e tesouros diferentes em cada um. Eles voltam para um hexágono inicial, uma ‘base’, de tempos em tempos para treinar, se recuperar e voltar a se aventurar.


Mutant bebe muito da fonte do hexcrawl. Os jogadores têm uma base segura, a Arca, onde estão protegidos da Podridão que cobre o mundo como um todo e (mais ou menos) de ataques de monstros externos. Fora da Arca está a Zona, uma região que precisa ser explorada para que os mutantes sobrevivam e aprendam mais sobre suas origens.


A Zona não é dividida em hexágonos. Ela é dividida em quadrados. Tirando isso, ela segue muitos dos preceitos do hexcrawl. Cada quadrado da Zona (um setor, na nomenclatura do jogo) pode ter artefatos, recursos e perigos, determinados por uma jogada de dados. Além disso, existem setores especiais da Zona, como se fossem aventuras prontas que você pode encaixar para uma experiência diferente.


Esse é o grande aspecto de exploração de Mutant. Ao mestre, cabe apenas rolar nas tabelas aleatórias e ver os jogadores tentando navegar a Zona. Caso queira, o mestre pode ter um papel mais ativo inventando seus próprios setores especiais. Isso não é muito necessário porque o jogo todo é baseado em sobrevivência e a exploração é necessária. Cada personagem precisa consumir água e comida todos os dias para se manter bem — mais ainda caso esteja ferido ou cansado. Isso deve ser obtido na Zona, arriscando a vida para se manter vivo. Além disso, os esforços dos personagens podem tornar a Arca mais segura.


Hexcrawl

Um porto seguro que não é tão seguro assim


A Arca é onde o lado político de Mutant: Ano Zero se desenrola. Várias facções lutam pelo poder e os jogadores realizam projetos para tornar a Arca mais avançada e mais segura. Mais do que os próprios personagens dos jogadores (que podem morrer facilmente), a Arca é a verdadeira protagonista do jogo.


Existem cerca de duzentos mutantes na Arca, o que pode parecer um trabalhão para o mestre e preparação adicional. Mutant resolve isso deixando os principais laços com os mutantes por conta dos jogadores. Cada jogador precisa escolher um mutante não-jogador que ele ama e um que odeia. Essa escolha é importante pois a interação com esses mutantes é um dos fatores determinantes do recebimento de experiência. A partir daí, o mestre já sabe quais mutantes serão relevantes — e o livro apresenta tabelas para personalizar cada um deles e para criar novos rapidamente. É coisa de virar a página e ter um mutante pronto em trinta segundos, no meio do jogo.



Desgraça da semana


Você deve ter percebido que a Arca, por si só, é um terreno rico para várias aventuras. As brigas de poder entre facções de mutantes poderiam ser um jogo por si só, sem nem se concentrar na exploração. Como Mutant força o grupo a fazer as duas coisas?


Isso surge das ameaças. No começo da sessão, o mestre joga numa tabela para saber qual é a desgraça que vai se abater sobre os mutantes essa semana. Elas são muito variadas, muitas vezes exigindo que os mutantes deixem a Arca para solucioná-las. Algumas ameaças também dão pistas para a origem dos mutantes, o grande mistério do jogo.


Origem?


O objetivo final de Mutant é descobrir qual é a origem dos mutantes e encontrar uma forma de sobrevivência para eles. O jogo mistura esse metaplot com sua estrutura de preparação zero, dando os pedaços dos quebra-cabeças para os jogadores conforme eles exploram a Zona. No final, ao descobrir a origem, a campanha pode se encerrar com sucesso… ou acabar se relacionando com os outros livros da linha Mutant, que ainda não estão disponíveis em português.


Saiba mais


Quer conhecer mais sobre hexcrawl? Confira o artigo do Rafael Balbi a respeito no Pontos de Experiência.


Quer conhecer mais sobre Mutant:? Ano Zero? Confira a completíssima resenha do Renan Barcellos n’O Vício.


Quer aprender a gerenciar melhor seu tempo de preparação? Adquira o livro Despreparado? Nunca! na loja da Pensamento Coletivo.


Quer se aventurar pelo fim do mundo e descobrir o destino do povo? Não perca tempo e comece a jogar Mutant: Ano Zero, também disponível na loja da Pensamento Coletivo.


Sem grupo e quer explorar o mundo de Mutant ainda assim? Confira o jogo para PC Mutant: Road to Eden, a ser lançado em dezembro, na Steam.


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