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Ariana Hirsch

Livro da Camarilla para Vampire 5th-Resenha Rápida


Há algum tempo, havia publicado aqui minha resenha sobre um dos suplementos lançados recentemente para Vampire: the Masquerade 5th Edition (V5), focado nos Anarquistas. Agora também terminei de ler o Livro da Camarilla agora e oooh boy. Muita coisa pra falar.


 

Primeiro de tudo, o livro é muito elegante e bonito em sua formatação. Enquanto o livro dos anarquistas dava uma sensação mais caótica e informal (o que é de se esperar, né…), o livro da Camarilla parece representar em seu interior os princípios da seita. Em questão de design, ele é visualmente agradável aos olhos.


O livro também não sofre da mesma falta de conteúdo adequado que o dos Anarquistas. Pelo contrário; ele é cheio desde a primeira até a ultima página de conteúdo relevante. Isso também não é nenhuma surpresa; afinal, a Camarilla foi a seita de destaque desde a primeira edição do jogo. Portanto, é simplesmente natural que depois de mais de 20 anos de criação de lore eles tenham material suficiente para explorar bem.


A nova Camarilla


Podemos ver algo interessante da nova Camarilla. Primeiramente, em estrutura, ela agora se comporta mais como uma sociedade exclusiva e até secreta. Estar na Camarilla não é mais sobre ser de clã X ou Y. Estar na Camarilla é provar que você merece estar ali, que você tem o que é necessário para avançar, que você é leal à Torre de Marfim e aos anciões. Se você não estiver disposto a jogar o jogo, você que se retire. A seita exige muito mais lealdade e fé de seus membros e vampiros que não estejam dispostos a firmar tal compromisso pouco têm a oferecer para eles.


Go hard or go home.


Outra coisa bastante pertinente que é adotada pela Camarilla agora é sua relação com a fé e a humanidade. Primeiramente, não pense em “humanidade” para a Camarilla como “estar entre os humanos”. A humanidade na percepção destes cainitas é muito mais um conceito de inspiração, algo para contemplar de longe. É olhar a Rihanna cantando “Man Down” no estádio e sonhar em ir em um after com ela, mas saber que se for mesmo você vai sofrer uma overdose e morrer ou ir pra cadeia. A humanidade para a Camarilla está muito mais ligada a um conceito de fé e convicção, a não se deixar cair para a besta, a manter-se fiel às tradições e aos seus líderes e sábios, a manter-se fiel à sua própria força de vontade e identidade, do que a estar perto dos humanos realmente.


Mais um ponto relevante sobre a ligação com a Camarilla com a volta dos meios antigos fez o conceito de “fé” se tornar tão mais presente na seita. Na verdade, a própria palavra “seita” nunca se encaixou tão bem para a Camarilla quanto atualmente. Antes um grupo que rejeitava Caim, Gehena e antediluvianos, eles agora se mostram estarem dispostos a aceitar os mitos, as crenças e até mesmo a doutrinação. Afinal, a Camarilla sempre foi sobre o poder dos anciões e a admiração aos matusaléns.


Até mesmo os antediluvianos tem tido espaço crescente para serem adorados apesar de que isto ainda é visto com olhos cínicos por muitos da seita. Se for parar pra pensar, dá pra imaginar que, sem o Sabá por perto pra brigarem, a Camarilla tem (conscientemente ou não) abraçado conceitos antes mais comuns entre a seita rival. Estaria a Camarilla fadada a se tornar uma caricatura daquilo que sempre abominou?


Texto


Os textos desse livro são muito bons, tão bons quanto os textos do livro dos anarquistas. Como mencionado anteriormente, porém, esse suplemento da Camarilla não sofre do mesmo problema de conteúdo inútil. O livro todo é puro lore, pura informação, o que também o torna mais carregado. Para alguns isso pode ser cansativo, mas para fãs de lore é muito bom e serve para manter a empolgação.


Na verdade, o livro também traz textos e imagens que poderiam muito bem ter sido usados dentro do livro dos anarquistas, como partes descrevendo o atual estado das principais cidades Camarilla, sobre a Inquisição e também imagens dos croquis tão polêmicos que também aparecem no livro básico, com novos exemplos de visuais.

















Conteúdo


O livro é cheio de informações para jogo, desde uma recapitulação da loreclássica e formação da Camarilla até os dias atuais em sua nova formação. Ele traz mais detalhes sobre como a fé está se tornando algo tão importante dentro da seita, como vários pequenos cultos especialmente aos matusaléns estão surgindo por meio dela e como a fé foi um fator importante para a entrada dos Banu Haquim para o time (mais sobre isso logo mais).


Ela tem crescido tanto que um novo cargo informal foi criado, os Diretores da Fé (Printipal of Faith), cuja função basicamente está ligada a ser um guia espiritual e moral dentro da corte (invejosos dirão que é a versão Cammie de um Bispo do Sabá). Outro novo/velho cargo que está entrando em ascensão são os Arautos (Herald). Em tempos de Segunda Inquisição, volta às tradições antigas e desconfiança da tecnologia, os Arautos agora são aqueles que tem a função de serem as vozes do Príncipe e da Primigênie para as massas. São aqueles que estão encarregados de visitarem os refúgios para anunciar as palavras da seita, seja uma nomeação, uma festa, um alerta, uma nova lei ou uma caçada de sangue. A posição de Arauto é menor e para os de fora é até pouco ameaçadora. Mas nunca se esqueça: Estes são os que tem a palavra do Príncipe e, em certos casos, aqueles que as distorcem.

O livro também traz muitas informações super relevantes sobre a Segunda Inquisição, como ela foi formada e seus métodos de caçada, assim como a Máscara pode ser usada não apenas como um escudo mas também uma arma contra eles. Isso certamente poderia ter sido adicionado no livro dos anarquistas também, já que este grupo é o que mais costuma lidar com os humanos e os caçadores.

E, para aqueles que gostam de ter um gostinho da treta, o livro também traz muitas informações ótimas que esclarecem o que está acontecendo no Oriente Médio, a situação da Gehenna, a Ashirra e o papel do Sabá lá dentro. Além de ter apresentado o fenômeno do “Ancião de Selfie” ou, do latim, “Um ancião que não está sendo chamado pelo Beckoning mas foi pro Oriente Médio pra fingir que está e dizer que é foda”. Melhores anciões, 10/10.


Banu Haquim


Antes os chamados Assamitas, agora conhecidos como os Banu Haquim (ou Filhos de Haquim), o clã dos famigerados “assassinos diableristas terroristas” voltam se unindo à Camarilla após uma ruptura interna que basicamente dividiu o clã entre aqueles que adoram Haquim e aqueles que focaram no Islamismo e tradições religiosas. Aqui o Clã dos Caçadores reaparecem agora com uma repaginada.


Menos estereotipados dentro de um conceito de guerrilha radical e odiadores de americanos, os Banu Haquim se focam muito mais na espiritualidade e nos caminhos do islamismo. Morte e vida são sagrados, e a caçada e a morte, mesmo que façam parte do clã, são muito menos sobre fome e mercenarismo e muito mais sobre justiça e dever. Os Banu Haquim são um clã de fortes convicções e zelo por suas tradições. E Diablerie é algo sério, mesmo entre eles.


Obviamente, entrar na Camarilla significa que isto é um freio a ser contido com muito afinco. Então, se você só curtia os Assamitas por que queria diablerizar geral e explodir prédios, desculpe aí, mas você vai passar perrengue jogando de Banu Haquim. Na verdade, você provavelmente não deveria estar jogando de Assamita desde o início.

Agora a pergunta aqui que muitos devem estar fazendo: MAS E OS TREMERE? Bem veja só, as coisas mudam, a terra gira, o tempo passa e a Gehenna tá aqui na terra deles. Não dá pra só brigar com todo Tremere, tem que aprender a perdoar, né. Aliás, eles se sentem tããããão mal pela capela de Vienna, como foi que um desastre desses foi acontecer?


Casamento de sangue


Pela primeira vez temos um material oficial que mostra com detalhes como é feito o matrimônio entre cainitas e sua história. O casamento de sangue é, para todos os efeitos, um matrimônio entre vampiros que oficializam sua união imortal em um laço compartilhado e o reconhecimento por uma figura de poder. Em V5, inclusive, um dos eventos mais importantes está no Casamento Escarlate, que celebra o matrimônio de Victoria Ash e Tegyrius. A partir deste, surge a união do clã Toreador com os Banu Haquim e consequentemente da Ashirra e da Camarilla.


Eu tenho um monte de personagens que, de uma forma e outra, se casaram com outros vampiros. Quem me conhece sabe que eu adoro romance e pra mim Vampiro, sendo um jogo tão fortemente político e trágico, tem muito potencial para o romance. Mas veja bem, independente de ser ou não por romance, casamentos não eram tão incomuns assim entre os vampiros, apesar de raros. Volta e meia a lore apresentava um casal de vampiros em matrimônio. Um bom exemplo disso está no primeiro romance de clã, que mostra um príncipe Malkaviano casado com uma Ventrue. Mas casamentos nem sempre são por questões de amor imortal. Muitas vezes ele também representa uma aliança política, união de grandes territórios ou uma representação de paz entre facções.


Seja pelo motivo que for, o Casamento de Sangue tem sido uma prática que voltou dentro da sociedade vampirica, em especial na Camarilla. No texto sobre os anarquistas falei sobre sexo, sobre como o livro apresenta isto como sendo algo normal entre os cainitas. Acho interessante perceber como, enquanto um grupo tem sexo e fetiches como corriqueiro para se mostrar no livro a Camarilla, em toda a sua campanha de volta às tradições, nos traz uma instituição formal e conservadora de união.


Para concluir: O livro da Camarilla traz muita coisa boa, muito conteúdo extra, muitas informações importantes e orgânicas. Na verdade, fico feliz de ter lido este livro por último, do contrário eu poderia não ter gostado do livro dos Anarquistas ou o aproveitado bem. Este é certamente um livro crucial e cheio de detalhes incríveis para se colocar dentro de campanhas e nos traz uma Camarilla que é, ao mesmo tempo, nova e antiga.

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