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  • Foto do escritorThiago Rosa

Resenha de Jadepunk, um RPG de Mesa de Wuxia Steampunk

Atualizado: 20 de jun. de 2019


Jadepunk apresenta um cenário wuxia steampunk. Por si só, isso já é incomum. Além disso, o cenário tem um twist só dele: jade não é só um minério bonito, podendo ser refinado e obter poderes místicos. Cada cor do jade tem uma característica específica; a analogia mais próxima é com as materias de Final Fantasy VII, mas o jade tem várias particularidades.

Como aconteceria com qualquer substância com esse nível de poder, o jade é o coração da economia e da indústria em Jadepunk. Logo, os lugares com as maiores reservas de jade são os mais importantes. Isso nos leva à Cidade de Kausao, o cenário padrão do jogo; o lugar com os mais ricos veios de jade no mundo e o único lugar com veios de jade negro. A cidade é o coração desse mundo, mas as coisas lá não são boas. Um governador corrupto instaurou lei marcial e oprime a população para obter lucros cada vez maiores, o crime organizado prospera e os cidadãos ainda tem que lidar com todos os problemas de uma industrialização acelerada. Só quem pode defender o povo desse monte de problemas é a Jianghu, um grupo de poucas mas habilidosas pessoas dispostas a dar um basta nessa bagunça toda. Ou seja, só quem pode resolver esses problemas são os personagens jogadores.


Atitude


A postura de Jadepunk diante da sociedade é bem direta; existe uma distinção entre certo e errado. O governador é mesmo um vilão, sua corrupção e ganância causam o sofrimento de milhares e isso não tem perdão. Esse não é um jogo feito para invadir a casa de criaturas inteligentes com tons de pele diferentes, matar todo mundo, roubar suas coisas, vender essas coisas e comprar equipamento melhor para invadir mais casas de mais criaturas inteligentes com outros tons de pele e recomeçar o ciclo. Como o próprio prefácio do jogo diz, Jadepunk é sobre fazer a coisa certa.


Decidir o que é a coisa certa ou como fazer a coisa certa é uma coisa muito complicada no mundo real, mas Jadepunk facilita dando a visão óbvia do governador e seus oficiais corruptos. Apesar disso, Jadepunk se permite tons de cinza — nos contos e personagens-exemplo encontramos oficiais que se revoltam e políticos que trabalham junto da Jianghu. Apesar de usar uma moralidade que admite que determinadas coisas são sempre erradas, Jadepunk deixa nas entrelinhas que nada é imperdoável e que todos são capazes de redenção.


É um cenário sobre gente sofrida que não perde a esperança e não deixa de lutar, sobre uma cidade esmagada pelo jogo de poder de quatro nações diferentes e que se recusa a desistir. Jadepunk é sobre esperança — é uma visão idealista raríssima em um mercado de RPG dominado por grimdark. Ainda assim, a cidade de Kausao é um inferno — é um lugar cheio de problemas, que são apresentados bem claramente como coisas difíceis de superar; o jogo não dá receita de bolo sobre como enfrentar essas injustiças, mas é o dever dos personagens enfrentá-las e fazer da cidade um lugar pelo menos um pouco melhor.


 

Jadetecnologia


Então, jade é um elemento central em jadepunk. O que exatamente ele faz?

Antes de refinado, jade é só bonito. Depois de refinado pode ser usado para construir os mais diversos tipos de itens, fazer poções ou até mesmo tatuagens. Os efeitos dependem da cor do jade usado.


O jade verde é associado com a terra, é extremamente resistente e é usado na criação de armas e armaduras.


O jade vermelho é associado com o fogo e pode explodir, sendo usado em armas de fogo e motores.


O jade azul é associado com a água, usado em geladeiras ou poções de cura.


O jade branco é associado com o ar, sendo usado para aeronaves e elevadores.


O raríssimo jade negro é associado com quintessência e fé; os limites de seus poderes são desconhecidos, mas permite misturar outras cores de jade e pode conceder poderes psíquicos quando usado em poções.


Como dá pra ver, as qualidades do jade são muito abrangentes. Por isso mesmo, não existe magia ou energia espiritual (sim, nem ki) no cenário. Quaisquer feitos extraordinários são de alguma forma ligados ao jade.


Você pode ter uma espada de jade verde irada como essa da capa do livro, pode ter uma pistola de jade vermelho, pode ter uma espada explosiva de jade vermelho (inclusive tem uma como exemplo no livro), ter tatuagens estilosas de jade, ser um engenheiro e fazer suas engenhocas jadetecnológicas ou ser um alquimista e ter sempre a poção certa para a situação certa.


Sandbox


Você já deve ter percebido que falamos bastante do tal governador, mas nunca o chamamos pelo nome. Isso é proposital — Jadepunk nunca define o governador. Só o que se sabe é que ele é um ditador que está no poder faz muito mais tempo do que devia e que ele é um tremendo babaca. Todo o resto é por sua conta. De que cidade ele veio? Quais seus motivos para querer tanto poder? Como chegou na posição que o torna virtualmente o homem mais poderoso do mundo? Vocês vão decidir isso tudo na sua mesa.


O governador pode ser só um burocrata ganancioso, poder ter poderes advindos do jade e de treinamento na melhor tradição M. Bison, pode ser só um fantoche para alguém muito mais perigoso ou qualquer outra coisa que você decidir. Com frequência falamos de campanhas sandbox, mas Jadepunk é um cenáriosandbox. O livro te dá uma boa fundação e linhas gerais, mas quem constrói a cidade de Kausao é você. Existe até um modelo para criar um mapa orgânico da cidade conforme seu grupo se aventura por ela.


Destino


Jadepunk é um jogo baseado em Fate, focando em narrativa compartilhada. A ideia é construir a narrativa da Jianghu e da Cidade de Kausao enquanto jogamos. Mecanicamente, Jadepunk usa elementos do Fate Acelerado e do Fate Básico, além de ter um sistema de Recursos mais próximo de jogos mais tradicionais. Dessa forma, Jadepunk é um bom candidato para quem quer se aventurar no Fate antes de mergulhar de cabeça em coisas mais alternativas. Fate casa muito bem com a ideia de um cenário sandbox, já que todo mundo pode criar novos elementos conforme o jogo progride de forma natural.


Sua vez


Há uma rebelião em andamento. Alguns indivíduos se ergueram contra seus governantes malignos para melhorar as condições do povo e liberar a Cidade de Kausao. A qual lado você irá se juntar?


O livro de Jadepunk está à venda na loja da Pensamento Coletivo, em formatos físico e digital.

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